Definitely Blur


Por estes tempos quase me convenço que simplesmente não há nada de novo no panorama musical.

Temo bem que isto seja apenas uma desculpa para poder voltar atrás, áqueles que tanto prazer de ouvido me deram no passado.

Por estes dias são os Blur que merecem honras de revisão total e exaustiva.

A propósito, vi o documentário "No Distance Left To Run", realizado por Dylan Southern e Will Lovelace. Um bom documentário, muito intimista e que não trás, como não deveria trazer, nada de novo áquilo que já sabíamos dos Blur. É apenas a história bem contado de uma das melhores bandas dos anos 90, e talvez de todos os tempos (quem me conhece sabe que o exagero é parte integrante da minha persona).

O documentário torna-se apaixonante quando vemos Damon Albarn, Graham Coxon, Alex James e Dave Rowntree a tocar em pontos mais sensíveis das suas relações e dos problemas pessoais que afectaram directamente a banda.

Arrepia um bocado ouvir o Damon Albarn dizer qualquer coisa como: "No final de tudo, já não estávamos juntos... O Dave estava no final de uma relação fodida e a começar um divórcio horrivel, o Graham era...era um alcoólico...o Alex continuava "trés glamorouse" em West End e eu...eu estava numa espécie de estranha transmutação da minha performance. Vivíamos em sítios diferentes, com amigos diferentes...e foi isso..."

Este documentário dá-nos a sensação que durante a vida dos Blur, as coisas se foram precipitando. Acontecendo uma atrás da outra, sem que os seus elementos dessem por isso, demasiado embriagados ou drogados, ou os dois.

Quando acordaram e viram onde estavam fizeram aquilo que eu considero serem as suas obras - primas, "Blur" e "13".

"Blur" é um álbum que quer mostrar ao mundo que os Blur não são uma banda de miúdos a fazer música para miúdos. Quer destruir completamente o sucesso conseguido e o espectro de criadores da BritPop. Acabar de vez com a palhaçada do confronto com os Oasis e esses desvios Pop. Azar. "Blur" é um sucesso não só no Reino Unido mas também dos States. "Song 2" à cabeça, mas não só. Beetlebum ou M.O.R. (Albarn/David Bowie/Coxon/Brian Eno/James/Rowntree)também são singles de sucesso.

A diferença é que este sucesso agora é feito entre "crescidos". Já não é música Pop para adolescentes.

Sobre "13", todos os membros da banda dizem ser o preferido ou um dos preferidos. Dave diz: "Isto é o tipo de música que sempre quisemos fazer, mas distraí-mo-nos no caminho". Não partilho da sua renegação, mas considero "13" um álbum seminal.

Desta concha saíram pérolas como "Tender" e "No Distance Left To Run".

Findo o processo de quase destruição, pouco ou nada sobrou dos Blur. Cada um para seu canto e com os seus problemas, os Blur param para ver Albarn brilhar com os Gorillaz. 7 milhões de discos vendidos no primeiro álbum e sucesso global.

No entretanto as coisas não melhoraram muito, principalmente para Coxon.

Albarn volta para fazer um novo e prometido disco dos Blur, que pelos vistos nem queria muito fazer, mas que assumira. Graham Coxon, ainda ás voltas com problemas como álcool, não aparece. As coisas azedaram e depois de um biqueiro na cabeça (literalmente, um biqueiro na cabeça dado por Albarn a Coxon), os Blur seguem caminho sem o mais brilhante guitarrista britânico depois de Johnny Marr.

Nasce "Think Tank", álbum gravado em Marrocos por onde Albarn "se tinha andado a pedrar" e conheceu muita gente, incluindo uma série de músicos marroquinos que participam no álbum. Um bom álbum. É muito óbvia a falta de Coxon, o que torna este álbum muito menos Blur que os outros, mas no final, é um bom álbum.

Em 2008 surge a reunião. Coxon já não foge de Albarn no Zoo de Londres (True Story) e encontram-se, como meninos crescidinhos que são. Surge a ideia de fazer uma Digressão pelos sítios onde tocaram no inicio da carreira, culminando com concertos em Glanstonbury e Hyde Park. Belos e emotivos concertos ambos.

Depois de contada a estória resta-me apenas dizer que há poucos como os Blur.

Em certa medida os Blur revolucionaram a música e fizeram-no pelo lado menos óbvio. A música Indie passou a ser Pop, e isso já é uma revolução e tanto.

Ia-me esquecendo que anda por aí "Fool's Day", single lançado em Abril deste ano. Vale a pena ouvir, mas apenas para confirmar que os dias dos Blur já la vão. E que belos dias esses.


Para finalizar em beleza fica o essencial. A música.






Comentários

Mensagens populares