Estou a gravar o silêncio




"He was a genius. It's a word that's used too often, but there's no way it's overused for Martin"


É com estas palavras de Anthony Howard Wilson, Tony Wilson para amigos e melómanos, que deparo logo que abro o livrinho que acompanha Zero: A Martin Hannett Story 1977-1991, disco adquirido a preço amigável e que dá uma perspectiva geral da obra do genial produtor. Aliás, o booklet só por si merecia os €7,5.

Martin Hannett foi o visionário na cabine dos Joy Division, lapidando o diamante que já eram os Warsaw. Liberta o baixo de Peter Hook, amestra o talento inato de Bernard Sumner, conjuga as palavras de Ian Curtis e com aquela batida marcial, seca e concisa de Stephen Morris preenche a atmosfera da gélida caverna que é o inigualável som dos Joy Division. Closer e Unknown Pleasures são o que se sabe, duas obras primas, do mais primo que há.

Foi também co-fundador e arquitecto sonoro da lendária Factory Records, figura central de Madchester e Manchester dos anos 70 e 80. Por isso é sem qualquer surpresa que nesta compilação se encontram Joy Division, New Order, The Durutti Column, Happy Mondays, OMD ou Buzzcocks. Já com alguma surpresa encontro gente consagrada, como os saudosos e à altura desconhecidos U2, Psychedelic Furs ou Nico, com os The Invisible Girls para uma versão mais guitarrada de
All Tomorrows Parties.
Com estes partilharam o génio e a loucura de Martin Hannett uma mão cheia de bandas ou artistas, com tanto de desconhecidas como de interessantes. O poeta punk John Cooper Clark, Basement Five, Jilted John, Slaughter and The Dogs e os Section 25, com a espectacular
Friendly Fires ( a dar nome aos... Friendly Fires) são nomes para ir descobrindo.


Os Stone Roses também


De todos eles Martin "Zero" Hannett, conseguiu extrair melhor que ninguém a essência e inocência. Deve ter sido um génio. Parece-me que sim.



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