Há petroleo em Marrocos


Este mês decidi falar-vos de outro ângulo. De um ângulo mais pessoal e próximo. Decidi escrever nestas linhas uma pequena experiência de um dos nossos concidadãos que escolheu fazer vida lá fora. Vou falar-vos da experiência do Manuel.
Manuel é um trabalhador Taipense que, como tantos outros, faz vida além fronteiras.
Por estes dias em que vos escrevo, muitos partem para França, Alemanha, Suíça, entre outros. Mas nos últimos anos um dos grandes focos da emigração Portuguesa é África.
Neste caso particular Marrocos.
O Reino de Marrocos, situado no Norte de África, é neste momento um dos mais atractivos mercados para a produção das empresas europeias. Ao abrigo dos mais variados acordos celebrados com a UE , e com o enorme e essencial benefício de uma mão-de-obra baratíssima, Marrocos é um pequeno paraíso ás portas da União Europeia.
Manuel leva já quase um ano de vida na cidade Portuária de Tânger. O choque inicial já lá vai. Á chegada a África, “Petróleo”, como carinhosamente aqui o vamos tratar, presenciou aquilo a que podemos chamar um pequeno choque de civilizações. Depois de ultrapassado o mediterrâneo, a oeste do estreito de Gibraltar, numa travessia entre Tarifa e Tânger, a entrada em Marrocos é um abanão. A corrupção e a mendigagem saltam à vista. Se queres passar sem problemas tens de pagar. Depois de pagar, tens que dar, porque enquanto não deres alguns Dirhams (Moeda Marroquina), ou preferencialmente Euros, não te consegues livrar dos que mendigam, na esperança de levar a vida com o dinheiro dos Europeus. Depois de ultrapassados estes trâmites “legais”, “Petróleo” chega a Tânger. Nos primeiros dias, outro abanão. O trânsito caótico sobressai, mas a corrupção policial, as vestes dos transeuntes, principalmente das mulheres, e a deficiente alimentação dos locais, não fica atrás. As visitas ao Marjá (o InterMarchê lá do sítio) para a alimentação diária foram dando para matar as saudades de casa, se exceptuarmos a total ausência de carne de porco das vitrinas.
Meses foram passando, e entre visitas esporádicas a casa, “Petróleo” lá se foi habituando aos modos e à vida nas terras do rei Mohamed VI. A corrupção policial é já um habitué, as “luvas” ao empregado do condomínio uma obrigação, e a desordem natural das estradas um pequeno obstáculo no caminho para o trabalho.
Por estes dias, o que mais causa confusão é o Ramadão, nono mês do calendário islâmico, no qual os Muçulmanos praticam um Jejum diurno.
Os horários dos supracitados Marjá’s são alterados, as bebidas alcoólicas deixaram de estar no compartimento habitual, que agora se encontra fechado a sete chaves, os turnos na fábrica foram alterados, de modo a que se consiga conciliar a produção de obra com a qualidade de vida dos trabalhadores, os estabelecimentos nocturnos estão altamente condicionados, entre outras limitações. Assim vai a vida na Mouraria.
O artigo que este mês vos escrevo não tem um final per se. Tem como objectivo primeiro ser uma estória que achei oportuno contar. É a história de mais um dos nossos que decidiu ganhar a vida além fronteiras, com todas as dificuldades e com todas as virtudes que isso acarreta. O “Petróleo” parte de novo para a sua aventura na louca e desordenada Tânger no inicio de Setembro. Que vá e volte, com mais estórias para contar, acompanhado por Deus ou por Alá.


*Este artigo vai ser publicado na edição de Setembro do Jornal "Reflexo"

Comentários

  1. E que bote um olho no Terinho, que também convém vir são e salvo

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  2. eu foi par lisboa e viu tambem mindigos, e donos de restaurantes sair dos restaurantes para chamar os clientes era caotico tamben

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