Da Geração de Terroristas à Geração de Copistas


Os 90's a acelerar e do País de Gales, terra de Dylan Thomas e John Cale, inesperadamente rebenta um dos álbuns rock da década.

Generation Terrorists é um grito de revolta, cru, ferida aberta, pura provocação. A capa, giríssima cor de rosa, levou muito povo ao engano para o campo de batalha.
Porque depois, a começar em Slash N' Burn e a acabar em Condemned To Rock N' Roll, é o punk a puxar pelo rock, que nem plumas à volta do pescoço, olhos pintados e Little Baby Nothing pelo meio amansaram.
A urgência das letras de Richey James Edwards, Motorcycle Emptiness à cabeça, completam o resto. Declaração política, manifesto a denunciar uma sociedade de consumo a começar a assentar arraiais.



De seguida Gold Against the Soul e The Holy Bible completam a santíssima trindade. Principalmente The Holy Bible merece atenção redobrada. Porque é o canto do cisne de Richey James Edwards, e sem ele os Manic Street Preachers... tocaram para Fidel Castro.

Nick Wire, o baixista em entrevista ao NME, põe o dedo na ferida e sintetiza o que é a actualidade do cenário musical, «Quando vejo bandas como os The Drums a serem admiradas, fico doente. Literalmente, não há alma na banda. Não trazem nada de fantástico, profundo ou poético das grandes letras de Ian Curtis. Só agarraram na dança dele. A geração está toda limitada à American Apparel. Já não há individualismo».

Eu por exemplo fico doente com os Vampire Weekend.

Comentários

  1. Isto é como as fotocópias...quando já vês cópias de Vampire Weekend que já por si são cópias de Paul Simon o detalhe começa-se a perder e reconhecem-se apenas os traços gerais, caricaturais.

    Toda a gente tem influências, mas o muito trabalho de depuração leva ao estilo próprio. Lembro-me de Mike Mills dizer que aproveitava 2 canções em 50, e a maior parte ia fora por se parecer demais com R.E.M. É a diferença entre a alta competição e a pseudo composição que não passa de brincadeira infantil com legos musicais.

    Mas há coisas boas...o B Fachada vai estar hoje no Portugália da Antena 3.

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  2. Que curioso. Escrevi um postal no meu blogue sobre a tendência para a reciclagem das tendências musicais e depois encontrei isto aqui.

    É verdade que já tudo foi inventado e é óbvio que qualquer projecto musical remete para experiências anteriores. Apesar disso, e mesmo gostando de bandas como os Vampire Weekend e The Drums, irrita-me um bocado a frequência com que se reproduzem hoje, de forma quase mimética, tendências musicais anteriores.

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  3. Eu acho que há sempre algo para inventar, por pouco que seja. O que falta às novas bandas, salvo raríssimas excepções, é personalidade e acima de tudo originalidade.
    Porque influências, toda a gente as tem. Mas decalcar é feio.

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  4. O exemplo dos Drums parece-me exagerado. A simplicidade sempre foi boa conselheira, e o que os Drums fazem não é reciclar influências, é antes criar a partir das mesmas uma música declarada, manifesta e simplesmente pop.

    Como já por cá escrevi sou acerrimamente contra as fotocópias, mas não caiamos no exagero de andar a caçar bruxas.

    Quanto aos Preachers, partilho da opinião do Paulo, embora me incline a destacar o The Holy Bible desta Santíssima Trindade. Muito cru, espelhando a condição degradante em que Edwards se encontrava, The Holy Bible é revolução e humanismo em estado puro.

    Este post só poderia ter sido escrito pelo Paulo :)


    P.S. - Já agora, houve mais alguma pista do homem ou do seu corpo?

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  5. No campo estritamente musical, The Holy Bible é brutal. Mas Generation Terrorists foi o primeiro, e rolou duro, dissecado ao pormenor, funcionou para mim como contraponto ao grunge. First Love Never Dies, dizia com razão Scott Walker.
    Gold Against The Soul é mais imediato, diria que mais pop, ainda assim recheado de boas músicas.
    Depois deixei de passar cartão, mas por curiosidade vou ouvir o último Journal for Plague Lovers, com letras do Richey James Edwards

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