Anos zero portugueses. O entrevistador


Não poderia encontrar melhor espécimen de herói dos anos zero portugueses. Este homem é entrevistador, entertainer, animador de rádio, DJ, e talvez mais alguma coisa. Este homem é o epítome da pessoa que parece tudo mas não é nada.

Lembro-me, ainda antes dos anos zero, do meu companheiro de casa na faculdade, sempre de sobretudo e livro debaixo do braço. Um dia uma visita chega e retira «A um deus desconhecido» de Steinbeck da estante e pergunta-lhe:
- E que tal este livro?
- É do melhor que eu já li, e dá meia volta.
O visitante abre o livro e este tinha as páginas ainda coladas. Este meu colega foi um pioneiro das artes dos anos zero.

Tudo isto ser-me-ia indiferente se este senhor não tivesse hoje em estúdio a oportunidade de entrevistar uma figura maior da música de língua portuguesa, Tom Zé, sobre o qual já escrevi aqui. Nunca vi tamanho festival de falta de preparação e imbecilidade pura. Tom Zé é um personagem incrível e grande conversador, e sozinho lá tentava contornar tal chorrilho de banalidades. No meu anterior post sobre o Tom Zé, sigam o link para a entrevista do Carlos Vaz Marques no Pessoal e Transmissível da TSF e apreciem a grandeza da personagem.

Chama-se a isto atirar pérolas a porcos. É o grau zero da exigência. Eu pago impostos para pagar a esta nulidade? Quero o meu dinheiro de volta!



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