Nova vaga do Roque Português - Casa das Artes de V.N. Famalicão, 2009-02-14



Pois enlevado pela minha agradável surpresa ao ver o Guillul na Fnac, lá rumei eu a Vila Nova de Famalicão para surfar na «Nova vaga do roque português», com um cartaz recheado como se vê acima. Ora cá vão as minhas impressões:
OS QUAIS

A coisa começou com «Os Quais», a banda do Jacinto Lucas Pires, que conhecia como escritor mas não ainda como cantador. Com o seu amigo pintor presenteou-nos com algumas músicas do seu meio álbum, editado pela Amor Fúria.

Confesso que não fiquei muito entusiasmado com a dupla, as músicas pareceram-me muito insossas, embora as letras me parecessem interessantes. Notei uma profunda Caetaneidade, fase «Livro», nas letras e na vocalização, e isso pelo menos serviu para responder a uma grande dúvida que nutria há anos: no que se traduz para a música de Portugal o estilo do Caetano Veloso? Aparentemente «Os Quais» tentaram essa tradução, mas neste modelo de apresentação não funcionou. Curiosamente dias mais tarde ouvi uma música deste duo na rádio(podem ouvir a música e a entrevista do JLP no site da TSF - programa «Pessoal e Transmissível»), e soou-me bem. Ao vivo não gostei nada.

SAMUEL ÚRIA

Gostei do Samuel Úria, com o seu estilo físico-cómico, e com o seu quê de Trovadoresco. Como o Guillul também me toca no coração porque «is talkin'bout my generation», e já não é do prog-rock, graças a deus. Tem músicas interessantes, que eu já ouvi, e até tenho um autógrafo(no fim do concerto fui fazer uma limpeza à banquinha dos cds da Flor Caveira). Sinceramente, li por aí que ele tem um álbum para sair, e eu vou querer ouvir. É bom saber que há malta que canta para nós de dentro e com verdade. Já pensava que esta geração X estava perdida.



SMIX SMOX SMUX

O meu irmão gosta muito, o vocalista fala muito, a geração «manda-me um toque» deleita-se e participa. Eu já não tenho pachorra para bandas adolescentes. Passo, mas sem dizer que tocam muito bem, mas a temática ainda não aproveita aos meus filhos que ainda estão na fase Panda-émica da sua evolução, e já não me aproveita a mim, que estou a ficar velho e tenho os polegares sub-desenvolvidos.

OS GOLPES

Ora a dada altura, entram uns pareceiros no palco, e uma espécie de Ovelha Dolly do Pedro Ayres Magalhães, mas em mais novo, manda-nos a todos levantar. A sorte foi que o Guillul com o seu panque roque incendiário foi só no fim, e eu ainda não estava em modo panque «I wanna destroy», porque aquilo irritou-me um bocado. Um artista, com a sua arte, pode almejar a fazer o público levantar-se, trabalhar para isso; não mandar o público levantar-se.

Passado este arrepio inicial, seguiu-se uma demonstração PFFEC(Período de Franz Ferdinização em Curso), com uma temática muito bafienta de pátria e mais não sei o quê...com um baixista com bigodinho a fazer lembrar o marquês de marialva, e uma arrogância que eu não via desde que o palhaço do Marc Boland dos T-Rex se espetou contra o arvoredo.

A rapaziada quer ser certamente a nova versão dos Heróis do Mar, mas tanta mania e tão pouca genialidade musical não os levarão longe, felizmente. Vão-se contentando em dar uns autógrafos e uns chupa-chupas aos imberbes de 13 anos que já começam a querer enrolar o bigodinho e pelos vistos os veneram.


OS PONTOS NEGROS


Uau!, a banda sensação. Uma música que é um clássico, «magnífico material inútil», bem escrita e tocada sob todos os prismas que quisermos ver. A letra é muito imagética e poderosa, e estes sim fizeram-me levantar e abanar o capacete sem me ordenarem. Apesar disto sinto, depois de ouvir os cd's que a banda ainda está em plena evolução; em grande parte tocam coisas para adolescentes, mas neste último álbum já se encontram esboços de direcções mais sérias, a começar pela primeira música «Doutor, preciso de ajuda» bem Dylanesca por sinal...«já não consigo sentir a minha consciência». Esperemos para ver, para já os rapazes são o terror das EB2+3. Divirtam-se.


TIAGO GUILLUL


Conferir o Post anterior. E já agora vão ao site da antena 1 ouvir a entrevista do Tiago Cavaco «Guillul» ao Francisco José Viegas, na qual podemos conhecer um pouco mais da pessoa.


B FACHADA


Não estava mas devia ter estado. Gosto muito do «viola braguesa», vão ao site da Flor Caveira comprar(não liguem à gravação, ouçam com atenção). É muito bom, muito genuíno e espelha a essência de toda a boa música popular: Três Acordes e a verdade. Todo o EP é uma espécie de lamento, com boas canções que dão que pensar. Trocava bem o par Os Quais/Golpes pelo Fachada.

Assim tive que levar com o m-facholas em vez do b-fachada.

Comentários

Mensagens populares