Tiago Guilull na Fnac do Braga Parque, 2009-02-14



Fui no passado 14 de Fevereiro, por fraternal empurrão, ver a apresentação do Tiago Guillul na Fnac do Braga Parque.

Desconhecia praticamente o artista. O que tinha ouvido por alto, uma canção com uma piscadela de olho ao «Sould I stay ou should I go» dos «The Clash» que falava da nostalgia dos tempos da escola de Queluz e de uma ave rara punk, com a devida homenagem ao Kurt Kobain pelo meio, não me tinha impressionado muito. Principalmente achei aquilo muito artesanal e desvalorizei.

Como disse, foi por empurrão fraternal, em dose dupla, que fui ver o artista. A minha regra de ouro, que é «nunca enterres uma música sem ouvir segunda vez», que me fez passar da torcidela de nariz ao ouvir o «Songs for Drella» até à devoção total, reforçou-se aqui mais uma vez.

Em primeiro lugar, o som ao vivo é muito melhor que no disco, e mais do que isso, é possível sentir ao vivo uma autenticidade e uma aura (mais gospel que panque roque, acho eu) que injecta um significado na música que não me tinha tocado na minha apressada audição.

Quanto às músicas que foram tocadas: uma versão gospel(lá estou eu outra vez) de «beijas como uma freira», «lou reed quer ser preto»(com um ritmo africano que prenuncia que um disco conjunto de Tiago Guillul e Paul Simon é possível), se não estou já a baralhar tudo, ouvimos ainda «Isto é folclore» e «a lareira da europa». Houve talvez mais mas não me lembro.

As letras, afiadas como facas, são um ingrediente importante deste panque-gospel-rock, e na sua sátira cheia de referências bíblicas vislumbra-se um certo olhar sobre este nosso Portugal, como diria...incendiário. Uma via provocadora directamente herrrrrdada da cartilha sex-pistoliana.

Tiago Guillul, para dizermos mal ou bem, merece uma audição mais cuidada e uma reflexão. O substracto musical dele não me é nada estranho, até porque somos quase da mesma idade, e também eu rebolava no chão com o «Lithium» ou o «Drain you». Também me abriguei das «Spanish Bombs» e respondi ao «London Calling», ao mesmo tempo que consumia «No futurre» na MTV(essa sim sem futurre nenhum).

De religião não falo aqui, primeiro tenho que ir ler «a palavra» para estar à altura, e já não me meto nisso desde que ainda o Kurt era vivo.

Se mais não houvesse, e há, teria sempre que tirar o chapéu a este senhor pela sua pregação e demonstração de um pragmatismo mobilizador. Apetece ir ali pegar na viola e começar a cantar coisas. Mas se calhar beijo como uma freira.

Dito isto, vejam no youtube, comprem o Blitz de Março, sigam o blog,e vão às sessões promovidas na Igreja Baptista de Benfica. Fui à última sobre Cristianismo e Pluralismo, e vale a pena.

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