Pós Modernos, versão João César Monteiro

Houve tempos em que me levantava do meu beliche, vestia a farda, descia pelo varão e saltava para o carro à desfilada com os pirilampos ligados ao alarme de um novo disco dos GNR. Os tempos são outros, mas tal como com os R.E.M, nunca cesso de ter esperança.

Eu sou daqueles que a Inês Menezes não gosta(conferir entrevista a Guillul na Radar; eu cá gosto muito da Inês Meneses desde aqueles duetos fabulosos com o Fernando Alves nas manhãs da TSF), porque sou exigente com o standard que os GNR deviam manter por respeito a si próprios. Cair numa espécie de sarjeta Stoniana tal qual aconteceu com os Xutos não seria o que desejaria aos GNR. Dizer que o Reininho se acomodou, só não é exacto porque o álbum a solo o desmente em boa parte, e eu fui dos que comprou a rodela de plástico, porque gostei do que ouvi. A colaboração com o Alexandre Soares deu-me saudades dos GNR.

O último grande álbum desta grande banda foi para mim Pop Less, já do ano 2000. Mudaram um pouco o som, mas deram-lhe uns ares Burt Bacharach que não me desgostaram de todo, eu que tinha a colaboração do Burt com o Costello ainda fresca nos ouvidos. As letras foram, depois de muito tempo adultas e incisivas (acaba às Portas de Benfica o Mundo pequeno dessa gente - felizmente já vivo a Norte desse pequeno mundo, aí uns 100 metros). Canções lúdicas e deliciosamente experimentais como Pop Less, simplesmente lindas como Essa Fada, ou com produção exímia como Bem Vindo ao Passado. Achei que era a entrada dos GNR num certo público etariamente mais velho e mais sofisticado. Deve ter vendido pouco porque o próximo álbum, Ao lado dos Cisnes (bem ao lado) atacou furiosamente(sem êxito pelo que sei) a camada adolescente que faz as delícias bancárias do Zé Pedro Doutor Rock'n'Roll.

Há uns GNR que expandem a mente, mesmo sem receita médica. Aqui estão eles com a realização pós-moderna e post mortem de João César Monteiro. Venha o novo álbum. Espero por ele (a temer, a tremer).

Comentários

  1. Bem, os gajos foram aos Ídolos...
    Eu continuo a achar que a manutenção das casas no Algarve e a boa música não são inconciliáveis(como provam "Morremos a rir" ou "Dr. Optimista"), mas que estes senhores se acomodaram e entraram numa fase pouco estimulante da sua carreira, a mim parece-me óbvio. (que o futuro prove que estou errado)

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