Saudades do futuro

Aquando da última reunião Berlinense, falava com o Jorge e veio à tona o abuso das referências por parte de alguns ajuntamentos musicais do nosso tempo. É uma verdade que dói.

O objecto da cópia vai muito além da falta de originalidade. Assenta numa preguiça talvez involuntária que de certa maneira entupirá a veia criativa de muita gente, que provoca não só a náusea sonora que vamos comendo no dia a dia mas a pasmaceira total neste País musical que, como o supracitado Jorge já por estas bandas referiu, até chegou a ter à mostra a seringa para injectar sangue novo a esta urge musical.

V, de Tiago Guillul é talvez o estandarte daquilo que acima escrevi. Pergunto-me como será possível passar de uma obra de indiscutível qualidade(que estará por muitos e muitos anos na prateleira da qualidade da música portuguesa) no anterior IV, para a absurda confusão musical de V. Tiago Guillul arrisca-se a ser o Hugo Leal da música Portuguesa.

Ainda hoje me parti a rir com a crítica do Galopim (que tem honras de 5.ª feira Santa em IV) no Sound + Vision. Mas o gajo entendido em música é ele, e a mim só me resta rir quando ele diz que V "é um disco que, se musicalmente procura atingir caminhos nunca antes visitados desta forma, nas ideias e relação com a sua identidade, mantém-se fiel a quem não deixou de ser".

Não me vou alongar muito mais porque, sinceramente, não me restam muitas mais palavras para descrever o que ouvi e, com muita pena o digo, voltei a ouvir. Apenas dizer que ainda há por ali alguma coisa a aproveitar, e não foi inocentemente que "São Sete Voltas..." foi a primeira a sair cá pra fora.

Acredito sinceramente que sem a pressão mediática e sem o folclore que foi criado à volta da FC, Tiago Guillul volte em breve com a qualidade que fez dele e do resto do pessoal de Queluz e SDB a coqueluche da nova musica Portuguesa.

Mas ó Tiago, que seja rápido.

Comentários

  1. Ó Pedro,
    para um calvinista agradar aos amigos é humano mas ultrajar os fãs é divino. Que não percas o sol do nosso país.
    Um abraço,
    Tiago.

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  2. Eu até andava esquecido de ouvir o álbum tema deste post e agora vou ter que o ouvir. Não se aguça assim a curiosidade das pessoas...

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