Wouldn't It Be Nice?


“Pet Sounds” é daquelas coisas que nos atinge tão rápido quanto forte.
A Obra-prima de Brian Wilson é deliciosa.

Depois de ouvir “Rubber Soul”, dos Beatles, Wilson meteu os pés ao caminho e disse: “Desafio-me a fazer um grande álbum”. “Rubber Soul” sai nos States em Dezembro de 1965 e imediatamente Wilson começa a compor. Todas as faixas do álbum são compostas entre Dezembro de 65 e Janeiro de 66, com excepção de Sloop John B, numa pareceria entre Wilson e o recentemente contratado Tony Asher, um escritor de Jingles (o Charlie Harper lá do sitio).

No entretanto, os restantes Beach Boys andavam em digressão no pacífico e quando voltaram deram de frente com grande parte do álbum já alinhavado. Inicialmente houve muita resistência por parte dos restantes membros, mas depois de Wilson os convencer que iriam ser maiores que os Beatles, a resistência desapareceu. Gravado no inovador sistema de Phill Spector, o hoje famoso Wall of Sound(Brian Wilson terá dito que deu nome ao álbum pelas inicias de Phill Spector) , Pet Sounds é considerado unanimemente um dos melhores álbuns de todos os tempos. O NME, o Times e a Mojo dizem mesmo que é o melhor. A mim, Pet Sounds apanhou-me pelo lado mais forte.

Um dia, ainda no velho Saxo, com o Paulo ao volante, ouvi o registo ao vivo de Brian Wilson, gravado em Londres, durante três noites em 2002. A coisa já ia a meio. A primeira música que ouvi foi “God Only Knows”. Lembro-me de ter pensado que aquilo devia ser um concerto com uma orquestra ou algo parecido. Mesmo ao vivo aquilo era tão perfeito…

Depois foi consumir. Já quando era eu a conduzir o Saxo lembro-me de ter os 2 álbuns (Pet Sounds+Pet Sounds Live) na caixa de 6 cd que aquela bela máquina suportava. Mais uma vez o que o Vidinho não sofreu. “Foda-se. Tou cheio de ouvir isto!”

Os tons psicadélicos com que Wilson pintou este álbum tornam-no estranhamente belo. Músicas como "You Still Believe In Me", “Don’t Talk (Put Your Hand on My Shoulder)” ou “Let´s Go Away For a While” são disso bom exemplo. A cereja no topo do bolo é indubitavelmente “God Only Knows”. Com uma melodia que embala qualquer recém-nascido, “God Only Knows”, que Paul McCartney jura ser a sua música preferida, foi uma inovação a vários níveis. A sua estrutura melódica e as harmonias vocais foram algo nunca visto à altura, e se a isso juntarmos a complicada produção com que Wilson a vestiu, temos uma canção singular. De salientar também os estranhos instrumentos que Wilson foi escavar para embelezar as palavras de Asher. Trompas Francesas, assobios de treinar cães entre outras coisas que eu tenho dúvidas que tenham tradução para Português.

Pet Sounds é seminal. Não o considero o melhor álbum de todos os tempos porque haverão sempre os Velvet, mas está, sem dúvida, no topo das minhas preferências. À parte tudo o que significou para a música, Pet Sounds terá sempre lugar na minha caixa de 6 cd’s.

Ficam aqui duas das minhas preferidas.



Comentários

  1. Registo o respeitinho pelos Velvet, que fica sempre bem.

    Pet Sounds aproximou o Pop de ser uma forma de arte.

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  2. Apenas registar a desilusão foi o cancelamento do festival Vilar de Mouros no preciso ano em que Brian Wilson tinha presença confirmada. Um cromo difícil de arranjar.

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  3. Obviamente, os Velvet. Lembras-te de estarmos a ver o Iggy Pop e a fazer planos para o ano seguinte Paulo? Correu mal:(

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