Que a dose fatal de ópio e beleza


Hélia Correia
escreveu o soneto que Janita Salomé musicou, e Cristina Branco transformou na dose fatal de ópio e beleza que é a sua interpretação.

Vi-a ao vivo em Tomar, aqui há uns meses, e não é humanamente possível ficar-se indiferente ao talento, sensibilidade e bom gosto desta bela mulher.

De bom grado negaria três vezes todos os álbuns pop rock que este ano vi nascer em Portugal e ouvi, só para ficar com esta música, que é mais que música: é um implante que nos fica para a vida.

Outras paixões já tive em tudo iguais
À que hoje a ti sem dó me mantém presa
Paixões como não as não sentem os mortais
Como as não gera a pura natureza

Amei, por montes de urze e vendavais
Já de um rio ensombrado me fiz presa
Já meus filhos matei, já bebi mais
Do que a dose fatal de ópio e beleza

E tempo atrás de tempo, era após era
no esquecimento eu deixo doce abrigo
e um novo corpo novo ofereço a nova ferida

Sabendo exactamente o que me espera
Que uma vez mais me encontrarei contigo
Pois tu és sempre o mesmo em cada vida

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