É fantástico

Tive hoje conhecimento de uma iniciativa no metro de Lisboa. O pipol decidiu tirar as calças por uma causa. Que causa? Não dar nas vistas ou aparecer na televisão diziam os participantes, mas sim «fazer sorrir as pessoas».

Parece-me uma boa metáfora para uma das facetas da geração anos '00: a adolescência prolongada para além do prazo de validade. Muito estilo e pouca substância, está visto, o espalhafato e a efemeridade do clipe de vídeo, o vazio e a falta de propósito do conteúdo.

Comentários

  1. Na mouche! Já estive para escrever algo do género acerca da subcultura hipster. Muito espalhafato e substância nula, contrariando todas as subculturas das últimas décadas (do punk aos skinheads, passando pelos góticos e os hippies), que implicavam uma certa atitude perante o mundo.

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  2. Não há cultura nos anos 00. Não há uma partilha de interesses comuns, não há nada que se possa comparar aos Punks ou ao pessoal do Metal. O cabelo igual é só moda, sem qualquer substância. Citando o grande poeta (LOL) : "Eu só quero ver-me livre, das tendências dos anos 00"

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  3. Olá Miguel.

    É um sinal dos tempos. Penso que há um certo desligamento da realidade do Mundo, porque muitas das pessoas nos vintes agora foram super-protegidas - os pais reagiram por excesso à austeridade que viveram, dando aos filhos tudo o que não puderam ter.

    Muitos não têm uma noção real do sacrifício ou verdadeiro sofrimento, por isso vêm de forma dramática o seu mínimo contratempo pessoal e relativizam bastante o sofrimento dos outros. Uma causa é qualquer coisa com o mesmo valor simbólico de um novo telemóvel, do sucesso instantâneo dos Ídolos, ou de um vídeo engraçado do Youtube. Consome-se depressa e a atenção deriva para outro lado.

    Não queria teorizar muito, nem generalizar. Conheço gente nos vintes inteligente, focada e preocupada com a sociedade para além do seu umbigo. Acho que existe uma certa desorientação, como certeiramente relevaste no teu blog, mas não dramatizo. Tudo se vai compor, o pipol vai crescer, se não for aos 20 será aos 40.

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  4. LOL, às primeiras audições de «Magnífico Material Inútil», Pedro, essa era das músicas que me pareciam mais fracas. Com o tempo, fui apanhando o sentido da faixa e comecei a simpatizar com ela.

    Quanto ao que dizes, Jorge, parece-me bastante certeiro. A minha geração não é composta apenas por alforrecas. Conheço muita gente com grande inteligência e valor. No entanto, há uma tendência alarmante que talvez advenha dessa "desorientação". Uma tendência para o consumo rápido, para o alheamento, para considerar o visual mais importante que o conteúdo, para limitar os horizontes da vida à saída da próxima sexta-feira à noite.

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  5. Este vídeo, quase surreal, é o espelho dos anos 00.

    http://www.youtube.com/watch?v=X535q0Er9Qg

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  6. A culpa é da internet, sem tirar nem pôr.

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  7. Não concordo que a culpa seja da internet. Que diremos dos telemóveis? No meu último ano de curso bem me lembro já de rodas de gente à volta de uma mesa que não se olhava. Desconfio que falavam por SMS uns com os outros.

    Famílias com menos filhos, pais mais ausentes, as crianças educadas pela televisão. Os pais a amenizarem o complexo de culpa por não estarem presentes cedendo a todas as chantagens e pedidos materiais nos miúdos. Isso gerou toda uma legião de pequenos Luíses XIV. A internet não é mais que um sucedâneo da TV.

    Uma enormíssima percentagem dos miúdos não sabe fazer nada de criativo com a internet, não sabem procurar conteúdos, não a usam para pesquisar conhecimento. Usam-na para jogar, para encherem de inanidades o hi5 e o facebook e pouco mais.

    Acho que o uso da internet é um sintoma e não uma causa.

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