O Jardim dos caminhos que bifurcam

Algures em 1994 com Brian Eno, pai de tantas fases berlinenses, os James viram o trilho do Índio, e o experimental e largamente ignorado Wah Wah é a prova disso. Gravado nas mesmas sessões de Laid, este é o trilho que os James não seguiram.

Esta é a minha favorita desse álbum:



Nota: O Jardim dos caminhos que bifurcam é um dos espantosos contos das Ficções de Jorge Luís Borges. Berlim não falta à narrativa. Cá vai um extracto:

Pareceu-me incrível que este dia sem premonições nem símbolos fosse o da minha morte implacável. Apesar de ter morrido o meu pai, apesar de eu ter passado a infância num simétrico jardim de Hai Feng, ia morrer agora? Depois reflecti que todas as coisas sucedem a uma pessoa precisamente agora.

Passam séculos e séculos e só no presente acontecem os factos; há inúmeros homens no ar, na terra e no mar, e tudo o que realmente sucede, sucede-me a mim... A quase intolerável lembrança do rosto cavalar de Madden aboliu estas divagações. A meio do meu ódio e do meu terror (agora não me interessa falar de terror: agora que enganei Richard Madden, agora que a minha garganta anseia pela corda) pensei que esse guerreiro tumultuoso e sem dúvida feliz não suspeitava que eu possuía o Segredo. O nome do lugar preciso do novo parque de artilharia britânico sobre o Ancre. Uma ave rasgou o céu pardo e cegamente traduzi-o por um aeroplano e esse aeroplano por muitos (no céu francês) aniquilando o parque de artilharia com bombas verticais. Se a minha boca, antes que a desfizesse uma bala, pudesse gritar o nome de modo que o ouvissem na Alemanha... A minha voz humana era muito fraca. Como fazê-la chegar ao ouvido do Chefe? Ao ouvido daquele homem doente e odioso, que de Runeberg e de mim só sabia que estávamos em Staffordshire e que em vão esperava notícias nossas no seu árido gabinete de Berlim, a examinar infinitamente os jornais... Disse em voz alta:

«Tenho de fugir».


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