Ainda a entrevista do Soares dos Santos


Comentando o comentário do Paulo ao meu anterior post:

Há uma coisa de que Portugal precisa: racionalidade.

- Racionalmente, a economia está globalizada; devia ser a coisa mais natural do mundo que as empresas se localizem onde têm melhores condições para dar lucro, pois não são outra coisa que máquinas para gerar lucro para quem nelas investe. Portugal tem que ser competitivo fiscalmente. A Irlanda recusou ao FMI baixar o IRC e por isso ficou com piores condições...mas eles querem manter-se competitivos.

O Grupo Jerónimo Martins quer expandir para outros países baseado no sucesso da Polónia - isso é de criticar? Nos próximos anos eu sei onde ele não vai crescer.

Não vi Soares dos Santos a criticar o facto de ser tributado, mas o facto de sendo tributado em duplicado(na Polónia e Portugal), sendo que em Portugal  teria que pagar ainda mais do que no lugar onde gerou os lucros.

Se os governos continuarem a mentir às pessoas enquanto o Titanic afunda será uma ideia assim tão afastada a de  que podemos entrar em situações de instabilidade social e saques(visto que os cortes são certos como a morte e quanto mais tarde mais cruéis?)

As ideias fortes da entrevista foram, como a entendi:
- Tem que se criar um sistema de gestão profissional no estado, com isto querendo dizer com profissionais recrutados pelo mérito, com objectivos, avaliados e pagos a preços de mercado(sem demagogias).
- É necessário elaborar-se um plano estratégico para o país cujas linhas gerais têm de ser acordadas pelos grandes partidos para o longo prazo.
- Há que criar emprego, e flexibiliza-lo também para dar acesso aos melhores aos cargos(aqui vi prudência porque não se pode comparar directamente com os EUA), mas o modelo nórdico de flexigurança talvez já fosse mais comestível.
- Urge revitalizarem-se sectores, como a indústria, que foram completamente esquecidos nos últimos anos.

Não ouvi a sua manifestação de amor ao seu país com estranheza, porque:

- Ele criou a fundação Francisco Manuel dos Santos, que por sua vez criou a PORDATA, a maior base de dados sobre a evolução de Portugal coordenada pelo António Barreto - uma ferramenta importantíssima para entender a evolução do país.

- Essa fundação está a editar a 3 euros e picos uma colecção fantástica de reflexões sobre o estado do País em diversos sectores. Queremos falar sobre o futuro do país?, é lermos esses livrinhos para entendermos melhor e podermos sugerir e agir sobre reflexões bem fundamentadas.

- O Grupo Jerónimo Martins foi o grupo que mais aproveitou o programa Novas Oportunidades, para reforçar as capacidades dos seus trabalhadores e ser mais competitivo pela qualidade da sua força de trabalho.

- O Soares dos Santos, em vez de comentar sentadinho, juntou um grupo de empresários que durante um ano e meio diagnosticou uma série de problemas e propôs medidas ao governo. Umas seriam boas e oportunas, outras menos, talvez...o Primeiro Ministro nem as leu....é sintomático. É preciso os cidadãos influenciarem o governo, que não é o pai sabe tudo de todos nós, fornecendo-lhe ideias e pessoas competentes e vigiando a execução. Os partidos fazem as palhaçadas dos estados gerais para fingirem que fazem isso.

O Grupo Jerónimo Martins e o Soares dos Santos não são perfeitos e, não nos esquecendo que as empresas têm responsabilidades sociais, não podemos olvidar nunca que não são a Santa Casa da Misericórdia.

Comparando a visão e filosofia deste senhor, as medidas que propõe, as suas iniciativas e actos concretos, e a sua competência demonstrada em resultados com as dos políticos que temos cuja única carreira visível foi a de subir nas Jotas, confesso que prefiro um milhão de vezes ouvi-lo a ele.

Como diria Lennon...the Dream is Over. Temos que agir e tirar este país das mãos dos aprendizes de feiticeiro.





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