O Acrobata
Comentando o post anterior do Pedro:
É um gosto ouvir o José Sócrates discursar. Faz campanha como ninguém. E fez muitas coisas, muitas delas muito certas, como as de enfrentar muitos corporativismos na educação, saúde e justiça.
Mas há uma coisa que não lhe perdoo. Influenciou o meu voto prestando-me informações para eu basear a minha decisão que eram falsas. Desde aí tem feito infelizmente das manobras verbais, dos truques estilísticos e do marketing o seu modo de vida.
Votaria em Sócrates novamente sem hesitar, se confiasse nele. Mas ele não é íntegro.
Mas a sensação de desespero cívico aumenta quando olho para o principal opositor de Sócrates, que não consegue mostrar mínimamente ao que vem(porque o objectivo é apenas o PSD ocupar os cargos deixados pelo PS, ou então tem uma agenda escondida para depois das eleições). Fora de questão.
Paulo Portas? Outro excelente comunicador, outro mentiroso. Tem um discurso que aqui e ali fechamos os olhos e parece o do bloco de esquerda(estamos a falar do CDS!), mas tem as suas ideias e as suas simpatias bem escondidas para aplicar quando se apanhar no governo.
O resto da esquerda...não foram eles que se sentaram discretamente com os outros citados acima para apoiarem o aumento do financiamento aos partidos com dinheiro vivo? Todos são dúplices, está visto. Prezam muito os privilégios conquistados e tudo fazem para os manter. E além disso, vem desse lado alguma ideia realista para enfrentar a situação de desespero em que o país se encontra?
Há pelo menos uma questão que me arde na mente:
Porque é que ainda não há círculos uninominais neste país? Porque não posso escolher o meu deputado, para depois lhe pedir contas?
Nenhum dos partidos com assento no Parlamento me serve, porque eu me fartei, e tenho filhos e me preocupo com o futuro deles e com o meu, e elevei a fasquia da exigência.
Em conversa com amigos a minha questão tem sido: posto isto, o que fazer? Como levar esta nova demanda de exigência mais longe, como influenciar o futuro? Votar em branco? Votar nos partidos sem assento no Parlamento? (Não votar para mim é inconcebível). Aderir a movimentos cívicos de pressão? Onde estão?
Como diz Bono em «Acrobat»:
É um gosto ouvir o José Sócrates discursar. Faz campanha como ninguém. E fez muitas coisas, muitas delas muito certas, como as de enfrentar muitos corporativismos na educação, saúde e justiça.
Mas há uma coisa que não lhe perdoo. Influenciou o meu voto prestando-me informações para eu basear a minha decisão que eram falsas. Desde aí tem feito infelizmente das manobras verbais, dos truques estilísticos e do marketing o seu modo de vida.
Votaria em Sócrates novamente sem hesitar, se confiasse nele. Mas ele não é íntegro.
Mas a sensação de desespero cívico aumenta quando olho para o principal opositor de Sócrates, que não consegue mostrar mínimamente ao que vem(porque o objectivo é apenas o PSD ocupar os cargos deixados pelo PS, ou então tem uma agenda escondida para depois das eleições). Fora de questão.
Paulo Portas? Outro excelente comunicador, outro mentiroso. Tem um discurso que aqui e ali fechamos os olhos e parece o do bloco de esquerda(estamos a falar do CDS!), mas tem as suas ideias e as suas simpatias bem escondidas para aplicar quando se apanhar no governo.
O resto da esquerda...não foram eles que se sentaram discretamente com os outros citados acima para apoiarem o aumento do financiamento aos partidos com dinheiro vivo? Todos são dúplices, está visto. Prezam muito os privilégios conquistados e tudo fazem para os manter. E além disso, vem desse lado alguma ideia realista para enfrentar a situação de desespero em que o país se encontra?
Há pelo menos uma questão que me arde na mente:
Porque é que ainda não há círculos uninominais neste país? Porque não posso escolher o meu deputado, para depois lhe pedir contas?
Nenhum dos partidos com assento no Parlamento me serve, porque eu me fartei, e tenho filhos e me preocupo com o futuro deles e com o meu, e elevei a fasquia da exigência.
Em conversa com amigos a minha questão tem sido: posto isto, o que fazer? Como levar esta nova demanda de exigência mais longe, como influenciar o futuro? Votar em branco? Votar nos partidos sem assento no Parlamento? (Não votar para mim é inconcebível). Aderir a movimentos cívicos de pressão? Onde estão?
Como diz Bono em «Acrobat»:
Juntar-me-ia a um movimento, se houvesse um no qual pudesse acreditar; beberia pão e vinho, se houvesse uma igreja onde pudesse recebê-los, porque deles preciso agora.Há dois meses para reflectirmos, e é positivo que debatamos.
O que Sócrates fez em 2009 foi o necessário. Não sou eu que o digo, é a generalidade dos economistas. Estimular a economia e prevenir consequências muito maiores para a economia e para o emprego que aquelas que estamos a passar. Era isto que era pedido e foi isto que foi aplaudido, da praça do comércio a Bruxelas.
ResponderEliminarEra óbvio que isto ia trazer consequências para o défice. Foi dito claramente por Sócrates e Teixeira dos Santos. Obviamente não foi apregoado aos sete ventos em campanha eleitoral, mas quem esperaria que fosse?
Não lido bem com a mentira, simplesmente ela não existe aqui.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarReescrevo o anterior comentário pois o português deixava a desejar.
ResponderEliminar«Não lido bem com a mentira, simplesmente ela não existe aqui.»
Não? Não era verdade o que a Ferreira Leite dizia , que era necessário fazer cortes desde logo para controlar o déficit? O que fez José Sócrates? Mentiu e escondeu o déficit até onde pôde. Eu acreditei nele, agora não. Não quer isto dizer que goste da Manuela Ferreira Leite, pois ela já tem provas dadas desde a educação às finanças e não, não impressionou.
Não é verdade que boa parte do déficit foi «controlado» passando as dívidas para empresas do sector empresarial do estado que agora estão ém pré-falência?
Não é verdade que o déficit foi «controlado» com engenharias de incorporar fundos de pensões no orçamento?
Sócrates mentiu. Isso é inquestionável.
É questionável se os concorrentes são melhores. Não são.
Mas eu não vou votar no melhor dos maus, eu digo que para mim chega, mas não vou ficar quieto, vou votar, sem dúvida; vou participar, já o faço nestas discussões, mas há mais para fazer para moralizar e modernizar o nosso sistema político.
Juntar-me-ei ao movimento, quando houver um no qual acredite.
Sócrates teve um erro crasso: não ter chamado o FMI mais cedo. O que em certa medida vai ao encontro do que o Jorge diz, porque andou a lutar contra moinhos de vento, optando por mascarar o défice, por mascarar a taxa de desemprego, mentir no fundo. Mas acredito que, para além das óbvias preocupações partidárias e pessoais de não querer ligar o partido e ele próprio a mais uma entrada do FMI, também o fez com a intenção de tentar levar o barco a bom porto e não alarmar o país temendo o efeito Durão Barroso com a cena triste da tanga. Seria mais fácil e proveitoso dar a pedrada no charco desde logo. Não nos esqueçamos que estamos em crise já desde essa triste deserção.
ResponderEliminarPois aqui reside aquilo que interessa realçar em José Sócrates. Não vira a cara à luta, é persistente, optou por ficar quando podia muito bem já ter batido com a porta há muito.
E, Jorge, tu que gostas de pessoas pro-activas,com capacidade de luta e de mobilização, deves conceder que nesse aspecto José Sócrates é um exemplo para o País.
Depois há o outro lado da questão que vocês referiram, a alternativa. Passos Coelho e as privatizações ? Os barões, os que nós por aqui bem conhecemos e os outros a salivar com a patinha pronta ? As privatizações ? Por aqui não.
É minha opinião que a única alternativa possível é a união. O PR tem obrigação de chamar os partidos e obrigá-los literalmente a entenderem-se a bem do País. Porque as preocupações partidárias é bom que se diga também está bem à vista no PSD. O clientelismo está em todo o lado, os partidos políticos são antros de promiscuidade e são neste momento um dos grandes males de Portugal.
A mim o que me arde na mente é porque é que ainda não há regionalização.
ResponderEliminarPaulo:
ResponderEliminarA regionalização é uma prioridade, mas infelizmente não é a maior.
Regionalizar agora seria um erro primário.
O país está difícil de governar como está, com uma gestão centralizada, imagina como seria entrar a breve prazo num processo de regionalização.
Vamos arrumar a casa primeiro. Depois a regionalização fará o seu caminho natural e chegará à sua estação.
Jorge:
Não é verdade o que a MFL dizia em 2009. Primeiro era preciso estimular a economia e evitar uma catástrofe ainda maior no desemprego e no frágil tecido empresarial português. Não sou eu que o digo. Da praça do comércio até Bruxelas todos diziam o mesmo. Toda a Europa assim o fez, com a Alemanha à cabeça. Depois sim, era preciso atacar o défice. Sócrates assim o fez. PEC atrás de PEC. Bem ou mal, vai ser julgado por isso. E pelo meio ainda surgiram os BPN's e BPP's aos quais o governo teve de deitar a mão.
Era óbvio que isto ia ter consequências no défice. Sócrates e Teixeira dos Santos disseram-no. Claro que não o apregoaram aos 7 ventos em campanha eleitoral, mas isso ficou claro e mais que claro. Primeiro atacar a crise económica, depois lidar com o défice. Foi um bom plano? Era o necessário? É discutível, mas é inegável que foi feito com clareza.
Não é verdade que o estado transferiu dívida para o seu sector empresarial. O que o estado fez foi deixar de assumir as dívidas do SEE como se fizessem parte do seu sistema púbico. Boa medida. Só assim hoje sabemos o buraco que algumas dessas empresas são, e só assim o podemos combater. Terá sido uma medida engenhosa para combater o défice? Não duvido. Como não duvido da sua validade como um passo em frente para a clarificação das contas públicas.
Sim, é verdade que o défice foi controlado com a integração de fundos de pensões no orçamento. Mas ninguém mentiu acerca disso. Foi dito claramente que isso ia ser feito e foi aliás devidamente amplificado pela comunicação social. Boa medida? Questionável. Necessária? Absolutamente. E mesmo assim os mercados deram-nos a tareia que deram...
E vamos lá falar destes "mercados". É mentira que as agências de rating fizeram um ataque feroz e concertado a Portugal. Viram que a coisa estava complicada e empurraram-nos para o buraco, garantindo assim o seu pay check e o dos investidores.
4.ª feira ouvi alguém dizer na RTP1 palavras que me parecem sábias. Com um plano de austeridade sério e arrojado, e sem as agências de rating, Portugal teria saído disto sozinho.
Por muito uncool que isto possa soar agora, eu tenho a certeza que Sócrates é a pessoa certa para liderar Portugal neste momento. Ainda mais neste momento. E não porque é o menos mau, mas sim porque é, indubitavelmente o melhor.
Ontem ouvi ainda um comentador muito conhecido da nossa praça, na área da economia, a elogiar a coragem de Soares em 1983.
O futuro, estou certo, dar-me-à razão, e o futuro vai falar de Sócrates como um homem com uma coragem que está ao alcance de poucos.