Ilusão de sintonia

Sempre que te escrevia, eu sabia sempre exactamente o que te queria dizer. Por exemplo, eu escrevia: «O tempo está um pouco melancólico hoje, as nuvens nem sequer se decidem pelo cinzento definitivo e tão-pouco pela chuva incolor».
De ti chegava-me a resposta: «Não tenho conseguido ir à livraria para encontrar aquele livro de que te falei.  Talvez lá vá na segunda-feira.»
Eu sabia exactamente o que tu querias dizer com aquelas palavras, aliás, será óbvio para qualquer leitor atento que não é de não poderes sair cedo que me estás a falar. Do que me estás a falar, é precisamente daquele rio indefinido que voga subterrâneo sob as nossas palavras, confuso e revoltoso, e nunca conclusivo.

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