As chaves

Ela estava novamente ensarilhada naquele novelo de pensamentos, mas agora era tempo de procurar as chaves para sair para as aulas - tinha-se perdido outra vez na internet; foram horas a conversar com ele.
Desta vez ele estava com uma história nova: queria que os dois escrevessem uma história a duas mãos, e que depois fossem para um local público e representassem os diálogos pré-escritos, ali num cenário com pessoas a viverem a sua vida, inconscientes de dois actores que retiravam o máximo prazer de estarem a fingir cada palavra e cada gesto, com o risco de o acaso de repente lhes estragar o enredo. Ela não sabia o que pensar, - talvez que a ideia fosse um bocadinho louca, - mas quando se ligasse de novo logo se veria. Agora precisava de se libertar desses pensamentos, já estava atrasada.

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