Para lá do Arco-Íris


Hoje venho falar de livros. Neste momento estou para lá de meio do Snow Crash, de Neal Stephenson(1992), o livro que imaginou o Second Life, mas a minha intenção agora é falar de Rainbows End, de Vernor Vinge, um livro de 2006, de ficção especulativa, que nos transporta a um mundo no futuro próximo, cerca de 2050, no qual a singularidade já foi atingida.

Robert Gu é um velho poeta que sofre de alzheimer e está afastado do mundo pensante há anos. Os avanços da tecnologia tornaram possível que todo ele fosse remodelado e surgisse de novo ao mundo na aparência dos seus 20 anos.

Gu está completamente inadaptado às exigências do novo mundo de 2050. A realidade aumentada pelos computadores embutidos na roupa, misturando a realidade tangível com a realidade virtual, a ubiquidade das conexões à rede, as completamente novas formas de interagir e o choque geracional de ter de lidar com uma neta muitíssimo mais poderosa em termos de recursos cognitivos do que ele não são desafios fáceis para ele. E ainda mais difícil de engolir é a necessidade de ir para a escola básica para reaprender tudo e ter que trabalhar com fedelhos tecno-avançados, mas ainda assim fedelhos.

Depois temos Mr. Rabbit, uma entidade virtual que ninguém sabe se é uma pessoa, um computador ou uma entidade super inteligente que funciona em rede. As guerras deixaram de ocorrer em campo aberto para se tornarem guerras pelo domínio e disseminação da informação pela rede, algo que começamos agora a assistir de forma espectacularmente realista quando vemos o twitter a minar todos os esforços do governo iraniano no sentido de bloquear a informação sobre a contestação nas ruas ao resultado das últimas eleições(sigam #iranelection). É estranho ver as cadeias noticiosas a ficarem nítidamente para trás.

Rainbows End é quase tanto um romance como um ensaio especulativo sobre as consequências da crescente predominância da tecnologia nas nossas vidas para o bem e para o mal. Uma grande leitura.

Snow Crash é outro grande livro nesta linha, que nos coloca numa América desagregada e sem governo central, governada por corporações privadas, na qual as pessoas fogem à realidade através de um mundo virtual, o Metaverso. Um vírus informático começa a ser uma preocupação séria, mas disso falaremos depois.

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