A eterna juventude: Sonic Youth, 23-04-2010, Coliseu do Porto


A minha história com os Sonic Youth começa, como não podia deixar de ser, nos 90's com Dirty. Já estes senhores levavam mais de 10 anos de carreira e alguns álbuns seminais como EVOL, Sister, Daydream Nation e Goo. De Dirty para a frente, para além de dissecar os supracitados, acompanhei regularmente a carreira singular dos Jovens Sónicos, com incidência especial em A Thousand Leaves e Murray Street. São para mim uma referência. Um caso à parte.

De modo que me fiz acompanhar ao concerto de 6ª feira no Coliseu do Porto pelo João Paulo, amigo de longa data, grande guitarrista e companheiro de outras lutas. Doutorado em Sonic Youth, diga-se.

O line-up, dizem-me, incide sobre The Eternal, o mais recente e excelente álbum da banda, "a começar com as três melhores músicas do álbum" acrescenta JPaulo. Termina com dois encores a acabar o serviço do corpo do concerto já de si extasiante, um autêntico vendaval. Agora sim, alguns dos esperados e velhos êxitos, dos quais reconheço e destaco Death Valley 69. Brutal e apoteótico. Pelo meio, Lee Ranaldo, espectáculo dentro do espectáculo na sua entrega genuína à exploração das infinitas potencialidades da guitarra. Um espanto.

Qual Douglas, ponta-de-lança do meu Vitória sem um golo sequer marcado na Liga, sucessivamente falhei oportunidades de baliza aberta para ver os Sonic Youth. Sexta-feira finalmente não errei o alvo, cumpri um desiderato com 15 anos e assisti a um concerto de rock na verdadeira acepção da palavra. Nada mais do que gente jovem de 50 anos (impressiona a cara de menino do Thurston Moore !!) com guitarras e baixo em punho e uma bateria lá atrás a entrarem-nos pelos tímpanos dentro. Dizem-nos simplesmente: O ROCK É ISTO !!

Uma análise sociológica final para a heterogeneidade da sala. Vi uma senhora dos seus mais de 50 anos embevecida, sorriso matreiro de câmara meia escondida a gravar o concerto, outros tantos da mesma faixa etária com aquele brilhozinho nos olhos e o brinco na orelha que por vezes distingue o povo alternativo, vi muitos da minha geração. E surpreendentemente vi muitos Sub-23. Mesmo muitos, mais do que o que esperava. Gente muito jovem que continua a dar esperança ao Rock, e que com certeza se está marimbando para os imitadores do Paul Simon, sapatos de vela, polos Ralph Lauren e por aí fora.

Não tocaram, mas gostava que tivessem tocado, a Juventude contra o Fascismo.



Comentários

  1. É engraçado trazeres o João Paulo a este post. Lembro-me que quando me passaste músicas dos Smartini para ouvir, não sei como, eu misturei aquilo com Sonic Youth, e a dada altura pensava que era tudo Smartini. Só quando a o voz de Thurston Moore soou na sua inconfundibilidade é que entendi a confusão. Na verdade as bandas até são bem diferentes, o que às vezes não apanhamos de repente, ainda mais quando estamos convencidos que aquele conjunto de músicas todas misturadas é da mesma banda.

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  2. bem, só para dizer que por aqui passei!!!

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