No centro do furacão

Em 1967, flower power de vento em popa, em dois centros urbanos distintos - Los Angeles e Nova Iorque, duas bandas começam ainda muito contra a corrente a gritar «o rei vai nu». Uma delas, o«The Doors», impulsionada por musiquetas pop trá-lá-lá compostas pelo guitarrista como «Light my fire» atinge grande popularidade, mas transporta em si o germe de algo completamente divergente da corrente dominante. Logo no primeiro álbum, «The End» coloca demasiadas questões filosóficas para um álbum rock, de «End of the Night» já falei, e «Break on Through» é uma síntese pop do «Casamento do Céu e do Inferno», de William Blake. Toda a poesia de Jim Morrison é aliás um híbrido de Blake e Rimbaud, com uma temática actualizada para a vida solitária ao volante de carros pútridos.

Em Nova Iorque. Warhol apadrinha e «produz» o primeiro álbum dos «The Velvet Undreground», após entender que o fresco sado-masoquista, «Venus in furs», em conjunto com a crueza fria de «Heroin» seriam ideais para o seu espectáculo multimédia «Exploding Plastic Inevitable», e um passaporte para a polémica, a principal arte de Warhol, grande génio publicitário. O álbum conjuga melodias perfumadas com letras devastadoras, e músicas avant-garde com tentativas de literatura. «The black angel's death song» é a minha favorita.

O ano de 67 foi o do assassinato violento do fenómeno Hippie, que morreu dois anos mais tarde vítima dos ferimentos sofridos. A realidade bateu à porta do Rock, e ela é dura.

Comentários

  1. Graças a Deus por este post.

    Ainda ontem vi na rtp2 o doc sobre o John Cale e senti-me tentado a escrever sobre. Simplesmente não fui capaz.

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  2. se não vires mais cedo, quando cá vieres tá gravado podes ver. É bem interessante.

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