Haiti



Segundo a Wikipédia:

“O Haiti (em francês Haïti; no crioulo haitiano Ayiti) é um país das Caraíbas que ocupa o terço ocidental da ilha Hispaniola (ou Ilha de São Domingos), possuindo uma das duas fronteiras terrestres da região, a fronteira que faz com a República Dominicana, a leste. Além desta fronteira, os territórios mais próximos são as Bahamas e Cuba a noroeste, Turks e Caicos a norte, e Navassa a sudoeste. A capital é Porto Príncipe (Port-au-Prince).”

Berço da abolição da escravatura, o Haiti é, desde a independência da França em 1804, um país fustigado pelo desastre. Ora por força de uma ruinosa indemnização a pagar ao ex-colonizador ora pelas mãos de ditadores como François Duvalier ou o seu filho Jean-Claude Duvalier (Papa Doc e Baby Doc, como eram conhecidos).
Como, infelizmente, sabemos, o último grande desastre a fustigar o Haiti foi o violento terramoto de 12 de Janeiro.
Muito se tem visto em toda a comunicação social sobre esta catástrofe. Um aproveitamento por vezes obsceno da desgraça dos já pobres Haitianos. Entre directos da televisão a mostrar as ruínas e os pobres a rastejarem por comida, e infindáveis artigos nos Jornais, este assunto tem ocupado grande parte da informação diária.
A ajuda que todos os dias chega a Port-au-Prince é de tal ordem que por vezes se perde no caminho. Centenas de aviões em lista de espera para aterrar na capital haitiana. Eu mesmo, em nome de um grupo de trabalho criado aquando das últimas eleições Autárquicas, tentei organizar uma recolha de bens para enviar para o Haiti. Prontamente me foi negada essa pretensão pela Cruz Vermelha Portuguesa, uma vez que é impossível neste momento fazer chegar essa ajuda ao Haiti.
Agora uma pergunta que me parece essencial.
Onde estava eu quando os Haitianos morriam à fome e eram mortos na rua, amontoados como agora em pilhas de cadáveres? Onde estava o mundo que agora generosamente ajuda o Haiti?
O Haiti está no lugar 149 em 158 países do Ranking de IDH (índice de desenvolvimento humano) da Nações Unidas e é, como já referi, desde a sua independência um dos mais pobres países do mundo. Entre 1990 e 2006 o Haiti viveu numa quase constante guerra civil que matou milhares de inocentes. Onde estava eu? Onde estava o mundo?
Não quero que estas minhas questões soem hipócritas, muito menos quero que as pessoas deixem de ajudar o Haiti e os Haitianos. Bem sei que nem eu nem o resto do mundo podemos acudir a tudo e a todos. Quero sim com este artigo mostrar aos meus leitores que Haiti’s há muitos e é preciso ajudá-los. Com sismos ou sem sismos. No Darfur já morreram milhares de pessoas, entre a fome e os assassinatos étnicos. Na Somália mata-se por comida. Isto só para exemplificar.
Ajudemos os Haiti’s por esse mundo fora, sempre e como nos for possível. Não esperemos que a natureza nos obrigue. A nossa humanidade deveria chegar para nos obrigar.


**Este artigo foi por mim publicado no Jornal "Reflexo", na sua edição de Fevereiro de 2010.**

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