A night at the theatre
Ontem foi noite de música. Já tinha saudades de um bom concerto.
A noite prometia. O descamisado João Coração e o Norte Americano de Tondela, Samuel Úria claro está.
A noite fria e chuvosa da fria e chuvosa Braga começou com o João Coração.
Com uma mala cheia de piadas fáceis, sem banjo, e com pouca qualidade, lá andou a ziguezaguear entre músicas de qualidade indiscutível que fez questão de estragar, músicas de qualidade discutível que fez questão de tocar e, aqui e ali, algumas boas músicas que foram bem tocadas. João Coração não é mau. Tem coisas com muita qualidade, e podia ter feito muito melhor.
Coração fez questão de dizer, mal chegou, que tem raízes em Braga, que os seus antepassados são minhotos genuínos, e isso ter-lhe-á granjeado uma boa relação com o público. Eu não gostei.
Perdoem-me a rudeza.
Depois de um pequeno intervalo chegou, tão alto quanto humilde, Samuel Úria.
Um começo a solo brilhante. Um quase fado (do qual eu não sei o nome) de fazer qualquer um ficar emocionado.
Depois mandou entrar o resto da "comandita".
Uma banda de nomes bem conhecidos. Os Pontos Negros Jónatas Pires e Filipe Sousa, na guitarra e baixo respectivamente, o Lacrau\Ninivita\Velha Glória\ Miguel Sousa (Guel, espero não ter faltado nenhum nome) nas teclas, Tiago Ramos na Bateria e Miriam Macaia no Violino (pouca voz da Miriam Macaia, infelizmente).
E a partir daí foi sempre a subir. Com esta competente banda por trás, Samuel Úria revela-se muito melhor que em disco.
"Não arrastes o meu caixão", "Teimoso", "Rua da Fonte"(que afinal não existe), "O Diabo"(Brilhante, quase a tocar nos Beatie Boys), transformam-se e crescem em palco. Sabe bem estar num concerto do Samuel Úria. Apetece cantar, dá gosto estar ali.
Um primeiro final com a excelente "Império" a ser cantada pela mais de meia casa do Theatro Circo foi a consagração.
Houve também algo de que não gostei. "O" final per se.
Pessoalmente dispensava aquele pequeno PEC, Processo de Evangelização em Curso, mas entendendo-o como um sincero adeus, um Farewell à americana, deixo-o passar sem mais crítica, ficando apenas a opinião pessoal.
Caro Sami e companheiros, voltem sempre.
OBRIGADO GUEL!! (LOL)
*Este post poderá, por algum motivo, ser muito parecido com o post anterior.
Ai essa obsessão com a puta da humildade. O artista não tem que ser humilde. O artista faz e acontece como lhe der na real gana. E você come.
ResponderEliminarCaro Hélio,
ResponderEliminarcada um move-se pelos valores que quer.
Eu já escolhi os meus.
O final deve ter sido como o do último concerto em Famalicão, um God bless you all a cappella, muito à moda baptista. Não gostei da conclusão, é certo, mas o concerto foi muito porreiro.
ResponderEliminarporquê dois posts quase iguais?
ResponderEliminarOlá Adriana,
ResponderEliminarAqui quem fala é o terceiro berlinense. Os outros dois(que foram ver o concerto) serem praticamente da mesma opinião...garanto-te que não é obra fácil, só mesmo a magia da música consegue estes milagres. ;)
Helio, a falta de humildade fica bem ao Lou Reed. Ao Samuel Úria, como a qualquer outro abaixo de Mr. Reed, assenta-lhe bem a humildade.
ResponderEliminarAdriana : plágio.
Conheço bem o Samuel e não podia discordar mais da ideia do PEC. Aquele hino final foi uma mera despedida, os portugueses é que ficam com comichão quando ouvem a palavra Deus. Temos a mania que somos tolerantes mas vemos intenções dubias em tudo o que são opções religiosas.
ResponderEliminarEu próprio não sou religioso mas já tive a oportunidade de entrevistar o Samuel. Ele diz muito bem que o palco não é o sítio para estar a chamar pessoas à religião e que não é a intenção dele ser evangelista do rock, mas está-se a cagar para o que as pessoas pensam e não vai evitar tocar músicas que gosta só por terem cariz religioso.
Quem é que vai acusar o Elvis de proselitismo por cantar o "Why me Lord"? Quem vai acusar o Nick Cave de proselitismo por cantar o "Mercy Seat"? Ou o Cash por cantar metade das suas cantigas que usam linguagem religiosa? Ou o Dylan, o Sufjan ou mesmo os U2?
O hino do Samuel é belíssimo e foi uma linda e comovente despedida, cheia de cuidado e afecto pelo público. Quem pode não gostar disto sem ser a tacanhez (que vê tacanhez onde não existe)?
Sr. Saraiva, se já entrevistou o Samuel e se a questão veio à baila é porque talvez seja pertinente, e não é por isso que o senhor é tacanho. Alem de não ter gostado o meu irmão diz que "entendendo-o como um sincero adeus..."
ResponderEliminarEu que sou católico e a palavra de Deus não me dá comichão não entendi como uma despedida mas sim como uma coisa puramente religiosa, e tal como o Samuel não acho que o palco seja o local ideal para a evangelização, por isso também não gostei. Se isso é ser tacanho, carrego o fardo.
Para a próxima já sei que é uma despedida.
Bem. Já vi que a discussão foi fértil durante a minha ausência. Vamos por partes.
ResponderEliminarCaro Saraiva.
Não me faz comichão nenhuma que músicos usem temas religiosos nas suas actuações. Alguns deles são até brilhantes. Reservo-me é ao direito de gostar de alguns e não gostar de outros momentos. E pessoal e musicalmente não me agradou o momento de Sabado.
Felizmente, além do Samuel Úria já tive oportunidade de conhecer quase todos os outros membros da FC, e de até, veja lá, já ter discutido religião com alguns deles. Uma das primeiras palavras que ouvi da boca do Tiago Guillul foi: "hoje vamos ter Religião no Alla Scalla". Acima de tudo respeito as crenças de cada um, mas, como público, posso gostar ou não de alguns momentos. Tacanhez será atacar quem não gosta. A mim, que por acaso não acredito, não me serve essa carapuça, até porque já expliquei no post que o momento foi compreendido de outra forma. Passemos à frente.
Adriana: Não ligues ao que esse gajo diz. Ele foi à boleia comigo para o concerto e ainda está aqui a respingar.
Já está lido, meu caro.
ResponderEliminarE aprovado também, embora tenha gostado de João Coração. Fiquei tão orgulhosa da banda como ele.
Continuarei também a seguir este blog com mais atenção que também parece ser do meu agrado, depois de uma olhadela na diagonal.
Ps: Deixa-me um votinho aqui:
http://www.superbock.pt/SuperBrand/Super_Blog_Awards_2009/PerfilBlog.aspx?blog=8e392c97-9f2e-4e6e-a398-1439bfbdee0a
:)
ora bem, não é todos os dias que passo por cá, como tal nem sabia que tinham 'respondido'.
ResponderEliminarmas sendo assim, se fizeram 'texto-reportagem' várias pessoas, porque não os identificam?
bem, com tanto linque, resta-me deixar linque para o meu blogue:
- http://coresaovivo.blogspot.com/2010/03/joao-coracao-theatro-circo-braga.html - João Coração.
- http://coresaovivo.blogspot.com/2010/04/samuel-uria-theatro-circo-braga.html - Samuel Úria.
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