Berlim faz bem.


Só pode. Acho que até eu se for para Berlim sou capaz de sair de lá com um álbum daqueles que ficam para a história. Ok, ok ,talvez tenha de levar o Brian Eno. E comprar talento.

Assim devem ter pensado os U2. Dispostos a “destruir o Joshua Tree à machadada” nas palavras dos próprios, encontraram em Berlim, à altura a respirar o ar de uma cidade finalmente livre, invadida por artistas de todo o mundo e um vulcão multi-cultural em erupção o ambiente perfeito para desenfastiar do sucesso atingido com Joshua, esticado ao limite com Rattle and Hum. Eu gostei do Joshua Tree, confesso que foi o 1º CD que comprei , dada a volta ao meu Pai para comprar um aparelho de CD’s. Até o meu irmão me dizer que era “a coisa mais comercial que Deus ao mundo botou”. Bem, ele já ouvia Velvet Underground…

Acho que conseguiram, e deram ao mundo o melhor álbum dos U2 e um dos melhores álbuns da década de 90. Denso, guitarras nervosas, ambientes psicadélicos quase hipnóticos, como que uma espiral sem fim. Brian Eno sabe o que faz, e ele gosta de fazer bem.

A banda soltou os demónios todos cá para fora, fez um pacto com a cidade e juntos deram um passo em frente. Os U2 deixaram definitivamente a América para trás, ou quase, não fosse a presença espiritual de Lou Reed – Acrobat é para ele , “In dreams begin responsibilities”. Mas Lou Reed, Mr. New York, para além de querer ser preto também gostaria de ser ein berliner

Dali ainda saiu Zooropa, diferente mas também ele um grande álbum. Quanto mais não fosse porque me deu a conhecer Johnny Cash.

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