Talento
Volta e meio gosto de ver um filme do Woody Allen. Com uma simplicidade do tamanho do seu talento, o homem acaba sempre por me surpreender.
Calhou ver o Interiors, filme de 1978. Um filme sobre a família, coisas sérias portanto. A dado momento no meio de um diálogo entre Frederick e Renata, sobre Joey (irmã de Renata) e da sua capacidade (ou falta dela, como é o caso) como fotógrafa, sai-se esta preciosidade :
- "Pobre Joey. Ela tem todas as angustias e ansiedades da personalidade artística, mas sem talento."
Pela pena de Adolfo Luxuria Canibal, outro gajo abençoado com o dom do talento, os Mão Morta cantam na musica 4 do álbum Nus : "é preciso é estilo, não cansamos de dizer, num verniz de desdém que nos dá muito prazer" . Sempre entendi esta música como uma crítica à sociedade e a todos os pseudos deste Portugal. Crítica bem actual por sinal, extensiva (extendo-a eu) às pretensas e auto-intituladas "next big things" da nação que mais parece terem tomado a letra desta música por cartilha. Até lhes ficam bem os instrumentos, diria Martin Hannett se fosse vivo. E talento ?
Nestas coisas das artes, estou com o Woody Allen. Não há volta a dar. Por muito estilo que se queira ter, por muito hype que se queira criar, se não houver talento...
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