Errantes


Li no suplemnto do Público P2 da passada 3ª feira uma reportagem sobre a condenação de Harvey Phillip Spector (AKA Phil Spector) pelo assassinato, em 2003, de uma ex-actriz de filmes de Série B, Lana Clarkson. Nessa reportagem era traçado o perfil psicológico de Spector. Phill Spector é assim puxado ao louco. Diz-se que quando a sua mulher, Veronica Bennet, vocalista das Ronettes, estava em digressão, ele a obrigava a dormir com o telefone ligado, fora do pouso, para ouvir a sua respiração. Spector é um génio louco e desiquilibrado, e já toda a gente sabia disso. Spector é o génio que inventou uma coisa que se chama wall of sound, que consiste em gravar várias camadas de instrumentos, sobrepondo-as e dando uma densidade muito maior á gravação, assemelhando-a a uma orquestra (é mais ou menos isto). Spector é o génio que produziu álbuns com Let it Be dos Beatles, Imagine do Lennon,Death of a Ladies' Man do Leonard Cohen(ter-lhe-á apontado uma arma á cabeça) ou ainda End of Century dos Ramones(reza a história que um dia os sequestrou no estúdio) .
Esta breve introdução serve para constatar (o óbvio) que muitos daqueles que admiro, principalmente ao nível da música, são de algum modo desiquilibrados.
Ian Curtis viveu a sua curta vida atormentado, deprimido, acabando por se suicidar aos 23 anos. Foi esse desiquilibrio que tornou os Joy Division o marco que hoje são. As letra nuas, cruas e negras de Curtis são a essência da música dos Joy Division (Martin Hannet fez o resto).
Jim Morrison é o que todos sabemos, outra alma atormentada que viveu toda uma vida de excessos, talvez numa tentativa de diminuir essa "dor na alma" que com ele carregava. A letra original do The End contém uma referência(clarissima) ao complexo de Èdipo.Father, yes son, i want to kill you, mother, i want to fuck you (quem não se lembra da cena do biopic The doors em que o dono de um bar onde os Doors tocaram expulsa Jim da sala e lhe diz: "cabrão, na minha casa ninguém come a mãe!!!"
Podia continua esta lista, passando por Jorge Palma, Iggy Pop, David Bowie (um dos meus irmãos costuma dizer que bowie é um freak, vive noutro nível, outro diz que It's work, all that matters is work. ),Kurt Cobain, Van Gogh(fugindo um pouco á música) Edgar Allen Poe, Tennesse Williams, enfim...Muitos...
O que torna este assunto um bocado obsceno é que na maior parte das vezes são esses desiquilibrios que tornam estes senhores génios de outro mundo, que fazem com que nós os admiremos.
Alguns conseguem viver com isso, e ultrapassar ou minimizar os danos dessa loucura, genialidade, desiquilibrios. Outros não, como Curtis, Kurt Cobain, ou Van Gogh.

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